Beschreibung

A Lenda  da Bicha das Sete Cabeças

Esta lenda de Ribeiros, ao contrário da maioria apenas conservadas oralmente, perpetuou-se na pedra, fluindo do reino da oralidade para a perenidade do granito.
“Há uma lenda que nos conta que, há muitos anos, existia em Moreira de Rei uma bicha escondida nos silvados, que trazia as populações aterrorizadas, pois comia pessoas e animais que por ali passavam.
Os habitantes do lugar, hoje denominado “Vale da Bicha” resolveram atear fogo às silvas e, assim, destruírem a bicha… Mas não contavam com uma coisa: a bicha tinha asas e voava!… Voou em direção de Ribeiros, vindo a poisar no lugar do Vinco, onde hoje existe o cemitério… E continuou aí a sua sanha começada em Moreira de Rei.
Contra isto reagiu um senhor da Casa de Passos, que resolveu matá-la. Pegando na sua espada e acompanhado da sua cadelinha, dirigiu-se ao Vinco para matar a bicha… Mas também ele teve uma surpresa: a bicha já não estava sozinha; tivera, entretanto, seis filhos…
O nosso herói, porém não desanimou… Mandou a cadela tomar conta dos filhos da bicha e, desembainhando a espada, iniciou a luta com a mãe.
Entretanto a noite caía… O nosso homem, temendo que a luz do dia lhe não permitisse acabar a missão a que se afoitara, invocou Santa Maria, padroeira da freguesia de Ribeiros…
Dirigindo-se ao Céu exclamou: “Santa Maria de Ribeiros, alumiai-me!”… E uma estrela, descendo do Alto, poisou num penedo e alumiou-o… Então ele, depois de matar a mãe, matou os filhos da bicha… Em seguida, dirigiu-se para casa, deitou-se e jamais se levantou.

E para que os céticos não duvidem da “verdade da lenda”, está na igreja de Ribeiros a imagem milagrosa da Santa Maria e na Casa de Passos a escultura da Bicha, ambas de pedra, e há ainda quem se lembre da marca da estrela no penedo, que foi partido para construção do cemitério… E a gente de Ribeiros sabe que todos os anos se reza, junto ao túmulo do homem da bicha, que se encontra na “Porta da Travessa” da igreja paroquial, igualmente toda a gente sabe que, junto ao túmulo do senhor da casa de Passos que matou a bicha, existe a sepultura da sua fiel cadelinha…”

Da autoria de José Carlos Peixoto