Descrição
São imprecisos os dados disponíveis sobre a fundação da Quinta da Boavista, mas pesquisas efetuadas pelo professor e historiador Gaspar Martins Pereira mostram que, por altura da primeira demarcação da região vinícola do Douro, as vinhas da área da quinta foram referenciadas como produtoras de “vinhos finos de feitoria”, os melhores vinhos do Porto produzidos no Douro e destinados à exportação.
Documentada está também a presença da Quinta da Boavista nos célebres mapas de Joseph James Forrester, Mappa do Paiz Vinhateiro do Alto Douro, de 1843, e Douro Portuguez e Paiz Adjacente, de 1848.
A tradição local atribui-lhe mesmo a replantação e tratamento das vinhas da quinta no período do surto de oídio, na década de 1850, sendo um dos edifícios da quinta designado ainda hoje por ‘Casa do Barão’.
Já depois da morte de Forrester, a Quinta da Boavista foi comprada ao barão de Viamonte, em 1866, pelos herdeiros do barão de Forrester – William Offley Forrester e Frank Woodhouse Forrester, que se juntaram ao tio Francis Cramp – transformando-a rapidamente no centro estratégico das operações de uma das mais relevantes marcas de vinho do Porto no Cima Corgo, que persiste até aos dias de hoje. Desde os anos sessenta do século XIX e sobretudo depois da dizimação provocada pela filoxera, no último quarto daquele século, a Quinta da Boavista beneficiou de grandes mudanças.
É certo que na época pombalina, esta área do Cima Corgo foi desvalorizada pelo legislador, mas, logo a seguir, viria a tornar-se uma das zonas do Douro mais procuradas pelos exportadores ingleses, devido à excelência dos seus vinhos. E, no século XIX, há referências à venda dos vinhos no mercado inglês, como o Vintage Boavista 1866, “o que diz muito da qualidade dos vinhos da quinta”, escreve o professor Gaspar Martins.
Por sua vez, de Joseph James Forrester, figura incontornável da história do Douro e do Vinho do Porto, sabe-se que manteve uma ligação forte com a quinta e os seus proprietários, sendo provável que a tenha arrendado ou comprasse a sua produção vinícola.
É desta época ainda a compra de duas Quintas que são anexadas à Quinta da Boavista – a Quinta da Cachucha e a Quinta do Ujo – e é efetuada a reconstrução das casas e das plantações, bem como de vinhas e novos socalcos, olivais, laranjais, amendoais e pinhais.
Durante o século XX, a Quinta passou por tempos desafiantes, tendo estado nas mãos de vários proprietários que trouxeram o seu know-how até à produção vitícola dos vinhos da Boavista. Em 2020, a quinta foi adquirida pelo Grupo Sogevinus, um dos maiores grupos de vinhos do Douro.